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Forças de caráter: superpoderes a ativar

Quem não admira aquele/a colega criativo/a? Ou se sente inspirado/a por um personagem de filme ou pela capacidade de perdão de Nelson Mandela, por exemplo?


Perdão e criatividade são apenas algumas das vinte e quatro forças de caráter que potencialmente todos os seres humanos têm. Essas forças são caminhos para que as pessoas possam se tornar mais virtuosas e, consequentemente, mais felizes.

Pesquisas científicas têm sugerido que o desenvolvimento, a prática e o uso das forças de caráter permitem que as pessoas dêem o melhor de si para o mundo, porque essas forças são manifestações do melhor potencial humano.


Quem não gostaria de apresentar sua versão mais sábia e virtuosa diariamente? É claro que não existe uma fórmula mágica para isso. Certamente, para uma pessoa ter mais autocontrole, por exemplo, ou para ser mais grata, requer algum trabalho, mas os estudos mostram que vale a pena o investimento.


Gratidão, por exemplo, é uma das forças de caráter mais poderosas, porque pode aumentar o bem-estar humano em até vinte e cinco por cento. Ser grato também aumenta a chance de não só a pessoa manter os relacionamentos já existentes, mas também de fazer novas amizades.


Wordle Cloud - 24 forças de caráter

No livro "The Hope Circuit", sem tradução para o português até o momento, Seligman afirma que existem pessoas exemplares em forças de caráter, mas também há pessoas desprovidas de algumas delas. A gente entende então que, salvo as exceções e em princípio e potencialmente, todo mundo tem as vinte e quatro forças de caráter, mas distribuídas em diferentes padrões, como uma impressão digital.

Essa impressão digital funciona como verdadeiros superpoderes, porque possibilita que as pessoas se tornem mais engajadas no que estão fazendo, mais altruístas e, consequentemente, mais felizes.


Encontro entre religião, cultura, filosofia e a ciência

Por três anos, os psicólogos Martin Seligman e Christopher Peterson lideraram um grupo de 55 renomados cientistas e outros estudiosos para entenderem o que há de melhor nos seres humanos e como construir uma vida mais satisfatória.


A análise histórica levou em conta diferentes países, religiões, culturas e filosofias que se tenha registro nos últimos 2.600 anos. Cabe ressaltar que nunca nenhum estudo de análise dessa extensão havia sido feito antes.


Os pesquisadores mergulharam nas grandes religiões a exemplo do confucionismo, taoismo, budismo, hinduismo, islamismo e judaico-cristianismo. Coletaram dados desde os Masai na África aos povos do Norte da Groenlândia. Também adentraram o mundo da filosofia e não se opuseram a olhar outros textos de autores mais modernos que, de alguma forma, delineassem as melhores qualidades humanas. Dessa forma, eles chegaram nas virtudes universalmente aceitas e, consequentemente, nas forças de caráter.

Povo Masai jogando bao na Tanzânia
Foto: Rosilda - Povo Masai (Tanzânia) jogando Bao

De acordo com Seligman, virtudes são características essenciais, validadas por diferentes religiões e filosofias. Ele argumenta que elas são universais, talvez de caráter biológico e fruto do processo evolucionário. Nesse sentido, esses aspectos de excelência teriam sido selecionados como importantes na solução de problemas cruciais para sobrevivência da espécie humana.


Estas são as seis virtudes universalmente aceitas:

  • Sabedoria

  • Coragem

  • Humanidade

  • Justiça

  • Temperança

  • Transcedência

As forças de caráter são os componentes da boa vida. São qualidades que resistiram ao tempo, comuns a diferentes nacionalidades e credos. Qualidades que valorizamos em nós mesmos/as, nos nossos/as amigos/as, nos nossos/as filhos/as, enfim em quem admiramos.


As forças de caráter podem, ainda, ser compreendidas como ingredientes psicológicos, processos que definem as virtudes ou as rotas para expressar uma ou outra virtude.


Já que estão atreladas às virtudes, elas são agrupadas assim:

  • Sabedoria: criatividade, curiosidade, julgamento (critério, dicernimento, senso crítico), amor ao aprendizado e perspectiva.

  • Coragem: bravura, perseverança, integridade (honestidade) e vitalidade.

  • Humanidade/Humanismo: amor, generosidade (bondade) e inteligência social (emocional).

  • Justiça: imparcialidade, liderança, trabalho em equipe.

  • Temperança: perdão, humildade, prudência e autocontrole.

  • Transcendência: apreciação da beleza e da excelência, gratidão, esperança, humor e espiritualidade.


Tendo estabelecido uma nomenclatura e linguagem comuns e um critério de classificação das virtudes e força de caráter, Seligman e Peterson publicaram o manual intitulado de “Forças de Caráter e Virtudes”. Esse livro é baseado no estilo de classificação do “Manual Estatístico de Doenças Mentais”. Mas, ao mesmo tempo, o guia se contrapõe ao manual, já que foca na saúde mental das pessoas e não nos transtornos mentais. O guia ficou conhecido como Manual da Sanidade.


Além disso, para que os estudos das forças de caráter tivessem validade científica, eles criaram um instrumento para medi-las, um questionário chamado de Inventário das Forças de Caráter (VIA) ou teste VIA.


O livro e o teste são uma resposta à necessidade, apontada por Seligman, de a psicologia não focar só no que deve ser consertado na vida das pesssoas como vinha sendo feito tradicionalmente. Ambos são instrumentos científicos que possibilitam a cada pessoa descobrir suas melhores qualidades e ativar seus superpoderes.


Se quiser aprofundar seu conhecimento nas sua forças de caráter, entre entre em contato por meio do formulário de contato do blog.




REFERÊNCIAS

Livros Boniwell I. & Tunariu, A. D. (2019). Positive Psychology: Theory, Research and Applications. London: Open International Publishing. Second edition.


Niemiec, R. (2018). Character Strengths Interventions. A Field Guide for Practitioners. UK: Orgrefe Publishing.


Peterson, C. & Seligman, M. (2004). Strengths and Virtues: A Handbook and Classification Hardcover. Washington, DC: Oxford University Press.


Seligman, M. (2017). Authentic Happiness: Using the New Positive Psychology to Realize Your Potential for Lasting Fulfillment. London: Nicholas Brealey Publishing.


Seligman, S. (2018). The Hope Circuit: A Psychologist's Journey from Helplessness to Optimism. New York: Public Affairs.


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