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Psicologia positiva é paz, amor e pensamento positivo?

Sempre que falo sobre psicologia positiva, recebo em troca ideias sobre pensar positivamente, ser positivo/a. Não que isso não possa ser bom, mas não seria necessário pesquisadores/as envolvidos/as em formar uma ciência se a psicologia positiva pudesse ser simplesmente definida assim.


Essa ideia simplista pode ser compreendida se considerarmos que existe um movimento de pensamento positivo, que teve como um dos seus grandes expoentes a publicação do livro de Norman Vincent Peale, “O Poder do Pensamento Positivo: Guia Prático para Solução dos Seus Problemas”. Esse livro continua a ser publicado desde 1952, tendo ainda grande influência sobre as pessoas.

“Mude seus pensamentos e você mudará seu mundo.” Norman Vincent Peale

Outro grande conhecido é O Estranho Segredo, de Earl Nightingale, publicado pela primeira vez em 1957. Eu, acidentalmente, encontrei-o na biblioteca de casa e o li levada pela curiosidade do título intrigante e pela data da edição, mas sem ter ideia nenhuma do que se tratava na época.


Existem muitos outros livros nesta mesma linha de autoajuda, ou motivacionais ou, ainda, chamados livros da nova era como, por exemplo, “O Segredo”, publicado em 2006 por Rhonda Byrne, que também são notoriamente campeões de venda. Não discuto o mérito desses livros, apenas ressalto que muito do que eles propõem não foi testado com rigor científico, o que limita a validade do que eles tentam estabelecer como útil ou funcional para a vida das pessoas.


Uma outra área que termina sendo compreendida como psicologia positiva é a psicologia humanista, que tem como grandes expoentes Carl Rogers e Abraham Maslow.

“O que é necessário para mudar uma pessoa é mudar sua consciência de si mesma.” Abraham Maslow

Essa abordagem da psicologia tem como temas de estudo, por exemplo, autorrealização, saúde, esperança, amor e propósito. Inclusive, Maslow foi a pessoa que usou, pela primeira vez, em 1954, o termo psicologia positiva em seu livro “Motivação e Personalidade”.

Mas assim como o movimento de pensamento positivo, a psicologia humanista recebeu muitas críticas por ser subjetiva e por não ter encontrado meios de medir cientificamente muitos dos seus objetos de estudo. Entretanto, isso vem sendo mudado por estudos recentes desenvolvidos por pesquisadores/as da área, a exemplo do professor Scott Barry Kaufman.


Mas qual a ponte que liga a psicologia positiva a essas diferentes áreas?


A psicologia positiva tem feito estudos científicos de certos temas já explorados anteriormente, tanto por livros de autoajuda quanto pela psicologia humanista. Daí a mistura que as pessoas fazem entre essas abordagens. Entretanto, cabe ressaltar que, sem margens de dúvida, a psicologia positiva recebeu influência da psicologia humanista.


Martin Seligman, o pesquisador que deu corpo à psicologia positiva, afirma que o que distingue a psicologia positiva da psicologia humanista das décadas de 1960 e 1970 e do movimento do pensamento positivo é a credibilidade que esta ciência dá às pesquisas empíricas como forma de compreender as pessoas e a vida que levam.


Ainda, segundo ele, os/as humanistas foram muitas vezes céticos/as em relação ao método científico. Entretanto, eles/elas foram incapazes de oferecer uma alternativa que fosse além da simples percepção de que as pessoas são boas. Em contraste, a psicologia positiva entende a força e a fraqueza humanas como autênticas e passivas de compreensão científica.


Em outras palavras, para Seligman, o carácter científico da psicologia positiva é o que estabelece seu distanciamento do movimento de pensamento positivo e da psicologia humanista de décadas anteriores.




REFERÊNCIAS

Livros

Boniwell I. Tunariu, A. D. (2019). Positive Psychology: Theory, Research and Applications. London: Open International Publishing. Second Edition.


Peterson, C. & Seligman M. (2004).Character Strengths and Virtues. Oxford University Press.


Porter, A. (2020). A Degree in a Book: Psychology: Everything You Need to Know to Master the Subject. London, Arcturus.


PUCRS - EAD. Seligman, M. & Koller, S. Aula 1. Pilares da Psicologia Positiva. Pós-graduação em Psicologia Positiva.


PUCRS - EAD. Furtado, K. & Dickel, J. Aula 1. Autorrealização, Propósito e Sentido de Vida. Pós-graduação em Psicologia Positiva.


Ralls, E. & Riggs, C. (2019). The Little Book of Psychology. UK: Summerdale Publishers.


Seligman, S. (2018). The Hope Circuit: A Psychologist's Journey from Helplessness to Optimism. New York: Public Affairs.


Seligman, M. Positive Psychology, Positive Prevention and Positive Therapy in: Boniwell I.

Tunariu, A. D. (2019). Positive Psychology: Theory, Research and Applications. London: Open International Publishing. Second Edition.


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